segunda-feira, 12 de março de 2012
Espanha, Alemanha e França são destino e origem de metade do comércio português (act.)
No mapa-mundo das relações comerciais, Angola e Brasil são novos pontos cada vez mais incontornáveis: o mercado angolano é o quarto maior para os exportadores nacionais, à frente do britânico e norte-americano. Mas metade das trocas faz-se ainda com os três "vizinhos do lado". A crise não beliscou a posição dominante de Espanha, nem o défice crónico.
crise – primeiro financeira depois económica – que se abateu sobre a Europa forçou muitas empresas portuguesas a procurar novos mercados em novas latitudes.
A aposta em Angola está já claramente traduzida em números: depois de ultrapassar os Estados Unidos, o país passou também à frente do Reino Unido e chegou ao fim de 2011 como quarto maior mercado de exportação para o “made in Portugal”.
Mas o panorama do comércio internacional em 2011 hoje traçado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) permite concluir que o mapa-mundo das relações comerciais de Portugal ainda não sofreu alterações dramáticas. Espanha, Alemanha e França continuam a ser origem de mais de 50% das importações e destino de mais de metade das exportações nacionais.
Défice com Espanha explica metade do défice total
Espanha manteve no ano passado o seu estatuto de primeiro mercado das exportações nacionais, absorvendo quase um quarto (24,8%) do total do que Portugal vende em todo o mundo. Esta fatia é, no entanto, ligeiramente menor do que em anos anteriores (em 2010 era de 26,6%), não obstante as exportações para o país vizinho terem crescido 7,5%. No sentido inverso, Espanha reforçou o seu domínio como principal mercado fornecedor de bens: vendeu mais 2,3% do que no ano anterior – sobretudo combustíveis minerais e produtos agrícolas – atingindo um peso de 31,6% na “carteira de compras” de Portugal, mais 0,4 pontos percentuais em relação a 2010.
É também com Espanha que Portugal mantém a relação comercial mais desequilibrada. O défice bilateral explica metade do défice comercial global, de 15.344 milhões, apurado em 2011, que ficou uns significativos 4.947 milhões aquém do do ano anterior. Isto graças ao comportamento das exportações, mas também à aterragem forçada das importações, que aumentaram apenas 1,1% em 2011, depois de terem crescido 11% em 2010, após a queda abrupta de 20% observada no ano da recessão de 2009.
A Alemanha permaneceu como segundo principal parceiro. Foi destino de 13,6% das exportações portuguesas (+0,6 p.p. em relação a 2010), que registaram uma subida de 20,3%. E foi origem de 12,4% das importações, ainda que se tenha registado uma redução de 1,5 p.p. relativamente ao ano anterior.
França manteve-se como o terceiro maior cliente externo, tendo atingido um peso de 12% (+0,2 p.p. em relação a 2010), depois de as vendas para este mercado terem registado uma subida de 17,4% face ao ano anterior. E permaneceu também como o terceiro maior mercado de origem de importações, com uma quota de 6,9%.
Brasil: exportações com recorde de crescimento
Nos mercados de destino das exportações portuguesas, o INE destaca ainda os crescimentos significativos ocorridos no Brasil, Bélgica e Angola. O Brasil foi o mercado onde se registou o maior crescimento das exportações portuguesas: 32,9% face a 2010. Ainda assim, o país permaneceu no 10º lugar (peso de 1,4%), atrás da Bélgica, que também reforçou a sua posição como 9º principal país de destino, com um peso de 3,2% (+0,3 p.p. em relação a 2010), como resultado do acréscimo de 26,4% face ao ano anterior, devido sobretudo ao aumento das expedições de ouro, para usos não monetários.
Por seu lado, as exportações de bens para Angola aumentaram 22%, tendo este mercado recuperado a 4ª posição enquanto país de destino, ao representar 5,5% das vendas totais de Portugal para o exterior (+0,3 p.p. em relação a 2010).
Angola garante o maior excedente
Feitas as contas aos saldos da balança comercial portuguesa por parceiro, Espanha sobressai por ser o país com quem Portugal apresenta o saldo negativo de maior dimensão (-7 .717 milhões de euros), apesar de se ter registado uma redução face a 2010 (+330,9 milhões de euros em relação a 2010). Com sinal negativo, seguem-se os saldos nas trocas comerciais com a Itália e Nigéria que atingiram 1. 534,6 milhões e de 1.452,5 milhões de euros, respectivamente, ultrapassando o défice com a Alemanha (1. 365,7 milhões de euros).
Com sinal positivo, destaque para Angola, país com o qual Portugal apresenta o excedente comercial mais elevado (1.158,5 milhões de euros), e para França que, em 2011, passou a ser o país parceiro com o 2º maior excedente comercial (excedente de 1.132,2 milhões de euros), superando as trocas com os Estados Unidos (excedente de 400,4 milhões de euros).
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