quarta-feira, 14 de março de 2012
Nuno Reis: “em política não pode valer tudo”
O social-democrata explicou ao líder do PS que “a necessidade de afirmação no partido não é desculpa para tudo”.
Nuno Reis frisou, esta quarta-feira, que “em política não pode ou melhor não deve valer tudo”. Numa intervenção sobre saúde, no Plenário, o social-democrata começou por recordar que “daqui a 3 semanas assinala-se precisamente um ano do momento em que o, à data, Ministro de Estado e das Finanças, reconhecia publicamente que Portugal já não tinha dinheiro para pagar os salários dos funcionários públicos e pensões a partir de Maio, bem como fazer face ao serviço da dívida em Junho”. Reconhecimento que, lembrou, acionou um pedido de assistência financeira internacional e que obrigou Portugal a: reduzir o custo com transporte de doentes em 1/3, reduzir a despesa pública com medicamentos para 1,25% do PIB até final de 2012, rever e aumentar as taxas moderadoras, reduzir em 2/3 as deduções fiscais relativas a encargos com a saúde e reduzir a despesa global do SNS com entidades privadas ao nível de Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica.
Apesar de ser um compromisso assumido pelo PS, esta semana o líder do PS veio acusar o Governo de estar “a transferir custos elevadíssimos para as pessoas e dificultar o seu acesso a cuidados essenciais” de saúde. Face a esta postura, o deputado declarou que “para começo de discussão conviria dar ao líder do PS um exemplar do Memorando que o seu próprio partido negociou. Mas conviria também explicar-lhe, agora que está tão preocupado com o transporte de doentes, que as regras aprovadas e aplicadas para o transporte de doentes datam do Governo socialista de Sócrates”.
“Para nós, Grupo Parlamentar do PSD é de facto necessário rever este regime de forma mais justa e equilibrada por forma a acautelar aqueles que mais precisam. Deverá perdurar a isenção por insuficiência económica, mas, em tempos de crise e de necessidade, é preciso ir mais longe: independentemente da insuficiência económica e de forma não cumulativa, ao contrário do que acontece com o atual regime instituído pelo PS, isentar aqueles que, por razoes clínicas devidamente tipificadas e justificadas, recorrem a tratamentos continuados e que perduram, por exemplo os doentes oncológicos. A coerência que aqui nos permite defender estas posições é a inversa da que falta ao líder do PS para dizer aquilo que disse”.
Contudo, no entender de Nuno Reis, esta não foi a afirmação mais grave do líder do PS. Disse o líder do PS que “é preciso não ignorar os especialistas que já vieram dizer que o número anormal de mortes não se deve apenas à questão dos vírus que são normais nesta altura do ano e que podem estar associados a outras razões designadamente de natureza social e económica”. “Se esses especialistas, nos quais convenientemente se escuda para dizer algo com a gravidade do que disse, se dessem ao cuidado de fazer o trabalho de casa saberia que nas últimas semanas foi reportada mortalidade acima do normal em pessoas com mais de 65 anos em países como a Bélgica, Holanda, Suíça, França, Suécia e Finlândia. Poderia também recorrer às igualmente insuspeitas informações do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças que refere igualmente Bélgica, Holanda e Suíça como países com aumento do número de óbitos por todas as causas no grupo etário mais de 65 anos. Para aqueles que se entretêm a usar informação de forma parcial e conveniente aos interesses do momento, conviria perguntar se terão dito alguma coisa em Dezembro de 2008 quando em Portugal ocorreu um excesso de mortalidade no mesmo grupo etário e num período semelhante do ano”.
“A quem tem responsabilidades políticas, no mínimo, pede-se que não lance o alarme social com base em análises apressadas. A necessidade de afirmação no partido não é desculpa para tudo. Se determinadas atitudes não são de espantar em partidos radicais, é no mínimo surpreendente ver um partido, cujo Governo assinou o Memorando de Entendimento assim se obrigando a um conjunto de medidas concretas e reformas estruturais, pela voz do seu próprio líder a assobiar para o lado e cavalgar a demagogia mais barata. Em política não pode ou melhor não deve valer tudo”.
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