sábado, 17 de março de 2012

Problemas de estabilidade financeira estão resolvidos com o decorrer do programa de ajustamento.


António Borges diz não ter grandes dúvidas que os "problemas de estabilidade financeira estão resolvidos" com o decorrer do programa de ajustamento. O ex-director do FMI considera ainda que a recuperação da competitividade da economia portuguesa "está em curso".

No discurso de encerramento da conferência da Insead, António Borges afirmou que não tem “grandes dúvidas” que os problemas de estabilidade financeira irão ser resolvidos.

“O programa [de ajustamento orçamental] está a ser executado” e em certa medida “com mais ambição”. “Não tenho grandes dúvidas que estes problemas de estabilidade financeira estarão resolvidos”, com o decorrer do ajustamento das contas do país.

Ainda assim, e apesar de o programa estar a ser cumprido e o país estar a trabalhar para alcançar também a estabilidade financeira, António Borges não esquece que é necessário também “recuperar a competitividade”. No entendimento de Borges essa tarefa está “também em curso”. “Tínhamos colocado no programa uma desvalorização fiscal, a alteração da Taxa Social Única (TSU) (…) e isso o Governo entendeu não fazer por razões que eles lá sabem”, afirmou. Porém, e mesmo sem uma alteração na TSU, “a verdade é que essa mudança de preços relativos está a acontecer”.

“É impressionante a forma como os salários estão a cair, tal e qual como se houvesse uma desvalorização da moeda”, acrescentou. Para António Borges “isto está a passar-se na economia com um extraordinário consenso e harmonia social” o que “é uma coisa inconcebível na Grécia e vamos ver se os espanhóis são capazes de fazer o mesmo que nós”. Para o ex-dirigente do FMI a redução dos salários está a acontecer com “consenso e harmonia social” porque os portugueses entendem que têm de apertar o cinto para assim recuperarem e tornarem a economia mais competitiva.

Porém, e apesar de haver pontos e que estão na trajectória correcta, António Borges considera que “há um ponto muito problemático”, que se prende com a “asfixia financeira”. Para o responsável, o país enfrenta um “problema de capital”, isto porque “o país está descapitalizado”. Mas esta questão de capital vai além da banca. “Apesar de tudo, a questão da banca”, defende, “resolve-se”, dado que existem 12 mil milhões de euros, no programa de ajustamento, que têm como destino a capitalização dos bancos que precisem. Por isso, é possível “ultrapassar as dificuldades de crédito”. O que se passa, na visão de Borges, é que “temos dívida a mais e capital a menos”.

Em jeito de conclusão, António Borges apontou que “crises como a que atravessamos são difíceis” mas “também grandes oportunidades”. Já no início da sua intervenção, tinham sustentado que as crises permitem tirar uma lição: “as crises são momentos de limpeza”.

Fonte: Jornal de Negócios

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