terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sucesso na emissão de dívida a 10 Anos

Segundo a agência Bloomberg. o IGCP definiu em três mil milhões de euros o valor que pretende levantar esta terça-feira nos mercados de dívida pública, com emissão da dívida a 10 anos.
O montante fica no topo das previsões dos analistas mas "não é surpreendente tendo em conta as condições favoráveis no mercado para a dívida dos países periféricos", diz o Newedge Strategy.
O preço definitivo é de 320 pontos-base acima das taxas de referência do euro, ou seja, uma “yield” absoluta a rondar os 5,1%.
Segundo avançou a Reuteurs, a procura já superava, ao início da manhã, os 4,5 mil milhões de euros (numa altura em que o livro de ordens está ainda aberto).
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) já tem assegurada a procura necessária para concluir a emissão de dívida a 10 anos, apoiada em sindicato bancário.

Barclays, BES, Citi, Crédit Agricole, Société Générale e RBS foram os bancos contratados por Portugal para realizar esta emissão.

Mercado Secundário

Segundo a agência Bloomberg, as taxas de juros da dívida portuguesa estão a subir em todas as maturidades, estando acima dos 5% no prazo a 10 anos.

Enquadramento

Nas emissões anteriores, o valor do spread exigido pelos investidores recuou ao longo do dia em que a emissão foi realizada e o valor da procura aumentou.
O sucesso desta emissão vai demonstrar que Portugal goza neste momento de acesso ao mercado de dívida. Os analistas estão confiantes de que a operação será bem-sucedida. Essa demonstração, a par de mais um encaixe financeiro, leva os especialistas a acreditar que é uma possibilidade cada vez mais forte que o País prescinda de uma linha de crédito cautelar no final do programa da troika. A menos que, salvaguardam, seja aconselhado a pedi-lo.
Com a emissão de hoje poderá ficar praticamente concluído o financiamento necessário para 2014 e o IGCP pode começar a pensar nas necessidades de 2015 e na acumulação de reservas de tesouraria que, segundo alguns analistas, poderão colocar o País numa situação em que pode prescindir de pedir um programa cautelar até Maio.
"O mercado está recetivo e, por regra, janelas de oportunidade para emitir devem ser aproveitadas", disse ao Negócios fonte do sector.
Opinião dos Analistas sobre Programa Cautelar
“A situação de Portugal melhorou muito desde o início do ano", diz Michael Michaelides, analista do RBS, um dos bancos do sindicato mandatado para gerir a emissão. "Continuo a achar que um programa cautelar é o mais provável, mas as hipóteses de uma saída 'limpa' estão a subir de forma muito rápida, sobretudo se esta emissão correr favoravelmente", acrescenta.
Lefteris Farmakis, do Nomura, diz que "o cautelar continua a ser o nosso cenário base, mas a descida dos juros no mercado e estas emissões estão a fazer subir a probabilidade de uma saída 'limpa'".
Michael Michaelides admite, no entanto, que mesmo que o Tesouro português continue a acumular reservas, "pode haver pressão política [por parte dos parceiros europeus] para que o País recorra à linha cautelar". "Apesar da melhoria recente das condições, há riscos. E todos concordam que é melhor pedir agorae nunca usar do que não pedir e ter de pedir mais tarde", afirma o analista do RBS.
Enquadramento (sobre o Programa Cautelar):
A visão atual dos analistas contrasta com a opinião predominante no início do ano sobre a necessidade de um programa cautelar para facilitar a transição após o final do resgate.
Em Janeiro, apenas o Société Générale e o Berenberg viam como forte possibilidade uma saída "limpa" à imagem da que foi preferida pela Irlanda.
Também a Fitch recomenda a Portugal o pedido de um programa cautelar, mas passou a acreditar que a versão mais ligeira poderá ser suficiente, disse Michele Napolitano, diretor da agência de "rating".
O Nomura afirma que "se a execução orçamental correr como previsto e a continuar a ser boa a evolução do cenário macroeconomia)" poderão estar criadas condições de mercado suficientemente favoráveis para que Portugal prescinda de uma linha de crédito cautelar. Lefteris Farmakis diz que "decisiva será também a capacidade do Estado português continuar a acumular reservas, através das emissões de dívida que vai fazendo, e que o Banco Central Europeu mantenha a política acomodatícia e que, eventualmente, volte a cortar a taxa de juro".

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