sexta-feira, 7 de outubro de 2011

“Os portugueses estão a dar um claro sinal de que são capazes de honrar os seus compromissos”

Na sequência das comemorações do centésimo primeiro aniversário da implantação da República, Luís Campos Ferreira lembrou que “a ética republicana é hoje, e mais do que nunca, um imperativo de todos quantos exercem funções públicas”. “A responsabilização pelos actos de governo, de gestão e de administração da coisa pública é condição sine qua non desse exercício. Os valores da República não são dados adquiridos. Têm que ser cumpridos no dia-a-dia, para que a própria República se cumpra”.

De seguida, o social-democrata referiu-se ao momento de grande complexidade e ansiedade que se vive na Europa. Na sua opinião, “a Europa tem que se renovar, tem que dar um sinal inequívoco, para dentro e para fora, do tipo de União que quer efectivamente ser”.

“É necessário vivermos uma Europa mais positiva, construtiva e criativa. Uma Europa que faz das suas diferenças a sua maior força e a sua união. Para nós, a posição que defendemos é clara. A União Europeia não é uma mera soma de países, não se esgota em dinâmicas intergovernamentais, nem tampouco se reduz à união monetária. Terá de criar novos mecanismos e de implementar novas reformas. Assim, a Europa poderá dar uma resposta à crise, uma resposta aos europeus e uma resposta ao mundo”.

Referindo-se à situação de Portugal, o Presidente da Comissão de Economia e das Obras Públicas enfatizou que mais importante do que discutir como chegámos até aqui, o que importa verdadeiramente é como vamos sair daqui. “O Governo encontra-se na difícil posição de quem tem de apagar os fogos e, ao mesmo tempo, plantar as árvores. Tem de combater o défice e equilibrar as contas públicas. Mas, ao mesmo tempo, tem que criar os mecanismos que contrariem os efeitos recessivos dessas medidas: apoiando os cidadãos mais afectados pela crise, impulsionando a economia real, ajudando as empresas a criar riqueza e a criar emprego. Apesar de todas as dificuldades e da dureza do caminho, os portugueses estão a dar um claro sinal à Europa e ao mundo de que são capazes de honrar os seus compromissos, de cumprir os seus objectivos e que estão à altura dos desafios e das circunstâncias”.

Luís Campos Ferreira recordou que estão a ser implementadas reformas na administração central, na administração local e territorial, nas finanças públicas, na educação, no Serviço Nacional de Saúde, na justiça, na segurança social, nos transportes, no mercado laboral, na segurança e na economia. “Todo este impulso reformista não se faz contra as pessoas mas sim a favor das pessoas”, acrescentou.

Contudo, o social-democrata recordou que este é um desafio que compete também aos partidos da oposição, especialmente ao principal partido da oposição que negociou o memorando de entendimento com a troika. “O PS não pode falhar a história. Tem que estar presente, não se pode alhear nem bandear para o lado mais fácil - que é o lado do oportunismo e do calculismo partidário. Deve ter a coragem de participar nas reformas inadiáveis para o País. Tem que ser solidário com a República quando se trata de recuperar a credibilidade internacional, tal como o PSD o fez em momentos bem recentes. E à porta está um grande teste: o Orçamento de Estado para 2012”.

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