quinta-feira, 22 de março de 2012

Juros portugueses a dois anos descem abaixo dos 11% pela primeira vez desde Junho

As rendibilidades pedidas pelos investidores para negociar dívida portuguesa com prazos até sete anos seguem em queda. Nas maturidades mais longas, a tendência é de subida, acompanhando os receios de abrandamento económico na China e na Europa.

A 8 de Junho de 2011 foi a última vez que as rendibilidades exigidas pelos investidores para trocar dívida portuguesa estiveram abaixo de 11%. Até hoje. Os investidores estão confiantes que Portugal será capaz de pagar as suas obrigações no próximo ano sem qualquer necessidade de perdão de dívida.

As taxas de juro implícitas das obrigações a dois anos estavam acima de 22% no final de Janeiro. Ontem, desceram para os 11,7%. Hoje, estão a recuar 75,9 pontos base para negociarem nos 10,9%.

As quedas estendem-se até à maturidade a sete anos, quase sempre acima de 10 pontos base. A cinco anos, a rendibilidade (“yield”) desce mesmo pela quinta sessão consecutiva para 15,5%.

Nos prazos mais longos, o comportamento é inverso, já que as taxas de juro implícitas estão a valorizar, abaixo de 10 pontos base. No prazo a dez anos, a “yield” sobe 9,2 pontos base para 12,6%, depois de quatro sessões de descidas.

O estratega do Royal Bank of Scotland, Harvinder Sian, explicou ontem ao Negócios que a “a queda dos juros na dívida que se vence em 2013 dá-se porque muitos investidores têm posições 'curtas' (a apostar na queda dos títulos e subida dos juros) e estão a correr para comprar títulos e cobrir a posição”. Os fundos de investimento estarão a deixar de apostar na subida dos juros portugueses no mercado secundário – onde os investidores trocam dívida entre si.

"Boas hipóteses" de Portugal evitar reestruturação

São várias as entidades que indicam que Portugal vai conseguir servir a sua dívida sem ter de recorrer a um perdão que envolva os credores privados, como aconteceu com a Grécia. Isto depois de ontem ter realizado um leilão de dívida no mercado primário, em que se sentiu um forte alívio nas taxas de juro pedidas pelos investidores (3,652% sobre títulos a 12 meses, abaixo dos 4,943% do leilão anterior).

Hoje, a Standard & Poor’s, por parte do seu analista Moritz Kraemer, afirmou que Portugal tem “boas hipóteses” de evitar uma reestruturação da dívida. O UniCredit também defendeu a mesma ideia, declarando que, embora possa ter de pedir mais dinheiro do que os actuais 78 mil milhões de euros acordados com a troika, a reestruturação de dívida não é provável.

As descidas das “yields” exigidas sobre a dívida portuguesa nos prazos mais curtos acontecem num dia em que estão a ganhar terreno em Espanha, Itália ou Bélgica. Os mercados financeiros estão hoje pessimistas depois de divulgados sobre a produção industrial na Europa.

Com receios de um abrandamento da economia chinesa, depois de previsões desanimadoras para a produção industrial na China, os investidores estão à procura de activos considerados de refúgio, como o caso das obrigações alemãs, que vêem os seus juros em queda.

Fonte: Jornal de Negócios

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