Do ponto de vista de Carlos São Martinho, num momento de grande aflição para Portugal, os portugueses esperavam que os seus representantes fossem responsáveis e tentassem uma conjugação de esforços que fizesse jus aos múltiplos sacrifícios que eles estão a fazer no seu dia-a-dia. Durante uma interpelação ao Governo, feita pelo PCP, sobre a grave crise económica em que se traduz a aplicação do memorando de entendimento, o parlamentar referiu que “os portugueses estão disponíveis para contribuir com os esforços que se lhes pedem. Estão disponíveis para encarar a austeridade que lhes é imposta. Estão a ser responsáveis pela irresponsabilidade de outros. E isto em nome da sua honra, da sua História e da sua independência. Fazem-no porque querem deixar aos seus filhos um futuro digno, já que alguém se encarregou de hipotecar o seu presente. Fazem-no porque querem resgatar o país das garras do endividamento a que foram conduzidos por um governo inconsciente e que nos colocou numa situação de pré-falência, Governo este que os portugueses, de forma sábia, despediram em Junho passado. Os portugueses estão responsavelmente a cumprir aquilo que se lhes pede, porque entendem que não há outro caminho para sair da crise em que nos encontramos”.
Contudo, acrescenta o social-democrata, os portugueses que fazem isto tudo exigem respeito pelos seus sacrifícios. “Não aceitam que por meros tacticismos políticos duma esquerda inconsequente seja posta em causa todo o seu esforço. Querem que nós cumpramos o nosso dever da mesma forma que eles estão a cumprir o deles. Os portugueses exigem de nós que nos superemos porque eles também se estão a superar lá fora. E o nosso dever é cumprir os compromissos que o Governo Português assinou com quem se mostrou disponível para nos ajudar numa situação aflitiva”.
“O país precisa de políticos à altura das dificuldades e do momento que estamos a viver. Não precisam de quem lhes venda ilusões, nem tão pouco daqueles que tendo a responsabilidade máxima pela atual situação parecem chegados hoje à presente discussão. Não sendo surpresa a atuação da esquerda mais radical, já causa estranheza a falta de humildade, a falta de responsabilidade e a falta de consciência política que o Partido Socialista revela ao não contribuir para a ajuda que é necessária à credibilização do país e que ele próprio hipotecou durante a sua governação”.
A concluir a sua intervenção, e dirigindo-se ao Ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos São Martinho recordou que o memorando de entendimento, assinado pelo Governo do Partido Socialista, fala expressamente numa redução significativa do número de autarquias e questionou se o atual Governo limita-se a cumprir essa orientação ou tem uma ideia estratégica e abrangente para a administração local.

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